Começo pelo que todos sabemos: a Covid-19 tem um impacto negativo na economia e nas empresas incluindo a indústria da comunicação. No entanto, e tentando antecipar o que poderá ser o futuro, acredito que a disrupção causada pela pandemia criou um contexto que pode trazer um impacto positivo no médio e longo-prazo para a comunicação.
Talvez seja porque gosto de olhar para os desafios procurando soluções, mas a verdade é que momentos desafiantes como estes demonstram que a comunicação é uma função chave e estratégica nas organizações porque:
Temos a capacidade de ouvir os diferentes stakeholders e colocar a organização a dar resposta às suas necessidades moldando novas ofertas de produtos e serviços;
Criamos e adaptamos as narrativas para participar nas conversas que as comunidades já estavam a ter, e lançamos novos canais de comunicação internos e externos de modo a criarmos ligações e sermos relevantes;
Apoiamos os líderes a manter as equipas unidas e com espírito de pertença mesmo quando é necessário comunicar temas complexos e difíceis.
E já estamos mais à frente, a ajudar a planear o regresso a um novo normal, ajudando a construir e a gerir marcas com uma identidade forte, mas líquida e flexível, que possam adaptar a respetiva estratégia sem perder a sua essência, para saber responder agilmente aos diferentes cenários que se colocam: a necessidade de gerir o nosso tempo, a importância das relações pessoais, o cuidado com o ambiente, a consciência social, a gestão inteligente dos recursos… Os consumidores estão a evoluir depressa, todos os dias, e procuram marcas que sejam úteis e com um propósito alinhado com as suas vidas.
Hoje, mais do que nunca, as marcas pertencem às pessoas e para sermos relevantes a sua comunicação deve ser:
Próxima: a comunicação deve ser capaz de compreender e dar resposta às preocupações das suas comunidades. É agora mais importante do que nunca usar uma linguagem clara, acessível e direta. O tempo dos discursos corporativos demorados e complexos faz parte do passado. Estamos na era do diálogo.
Transparente: para ser credível (uma característica que deve estar sempre presente, e principalmente nos tempos que correm), é necessário que seja radicalmente honesta, o que passa, muitas vezes, por expressar vulnerabilidade. Partilhar as nossas inquietações face ao futuro não é algo a evitar; na verdade, pode ser benéfico aceitar o estado de incerteza e conceder-lhe o espaço que lhe é devido.
Consistente: nas palavras de Yago de la Cierva, «a ansiedade vai crescendo no vazio». Mais do que nunca, é preciso assegurar uma comunicação fluída que antecipe e esteja já um passo à frente das inquietudes das comunidades, de modo a criarmos uma verdadeira ligação e engagement.
Coerente: A comunicação deve, em todos os momentos, revelar-se coerente com as nossas ações. É durante os momentos desafiantes que surge a melhor oportunidade para provar qual é o ADN da nossa organização e a abordagem que tomamos face aos problemas. Desta forma, importa sublinhar que devemos resistir à tentação de criar narrativas pomposas, mas esvaziadas de significado. Novamente, storydoing antes de storytelling, ou seja, muito antes da narração de histórias, deve vir a respetiva edificação.
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