top of page
bolota.png

ESPAÇO DE

OPINIÃO

Folha seca_1.png

A era das marcas pop’up!



Somos aquilo que quisermos ser. Pelo menos online. CEO’s, a rtistas, artesãos, empreendedores e empresários, mais ou menos

sustentáveis, revolucionários e criativos. Afinal de contas, parece ser tão fácil criar

uma marca para o nosso negócio.

Não trago nenhuma novidade ao partilhar o avanço sónico da digitalização das

marcas. Sabemos que, em apenas dois anos, avançámos mais de 20 e que esta foi

a onda de inovação mais curta dos últimos tempos. Mas a que custo? Qual o

tempo de vida destas marcas que nos surgem no digital como que pipocas numa

feira popular ensacadas à disposição do consumidor?

Nos dias de hoje é rápido lançar uma nova marca. E ainda bem. Mas, do que é que estaremos a abdicar sob o desejo e o impulso de criar uma página na hora para o nosso negócio? Acredito (até porque vivo delas) que a criação de novas marcas ou até o reposicionamento das já instaladas no mercado é um processo sensível e único.


Compreendo (e apoio) a necessidade de agarramos as oportunidades de negócio

que vão surgindo sobre este efeito pop’up das marcas. No entanto, estas

oportunidades não devem ser sinónimo de fazer de qualquer maneira.

Dependemos de tantas variáveis que é praticamente insano pensar que um

caminho de sucesso seja feito sem pelo menos um bom diagnóstico ao mercado

e uma estratégia bem definida (e não incluo aqui os planos de negócio, de

comunicação e outros estudos absolutamente imprescindíveis ao lançamento

de um negócio com viabilidade). Por exemplo, como será pensada a experiência

de cliente? As questões logísticas, o atendimento digital, o packaging, a

segurança nas plataformas de venda online e as dinâmicas de fidelização?


Estarão todas estas questões asseguradas?

Saber e conhecer (com certeza) o nosso público, os seus comportamentos de

consumo, necessidades e referências, mune-nos de informações valiosas e

essenciais para a definição ou redefinição da nossa estratégia competitiva. Saber

para onde queremos ir, para quem queremos comunicar e a que nova

necessidade respondemos, é tão importante que ainda me choca as muitas

dezenas de páginas que me aparecem todos os dias nos feeds sociais.


E não desvalorizemos a imagem. Aquele favor que pedimos ao nosso amigo ou ao

amigo do nosso amigo (não menosprezando todos os fantásticos criativos que,

por amor, amizade ou jeito vão fazendo “só uma imagem para as redes sociais”)

sem lhe atribuirmos a devida responsabilidade de criar uma primeira boa

impressão. Impactante, distintiva e memorável. Criar a identidade de uma marca

é pensar muito além da pequena imagem de perfil. É pensar em propósito, em

essência e história que se conta para além do digital.

É por todos estes motivos que ainda nos emocionamos e entusiasmamos com os

anúncios, vídeos e músicas das marcas que, sem se apressarem, nos conquistam,

fidelizam e nos conseguem contar uma história.


Quem me conhece sabe do meu fascínio e gosto por pipocas. Aquele pequeno

snack preparado com fulgor, sem alma e sem demasiado cuidado, açucarado e

crocante o suficiente para nos entreter durante um tempo. Mas, quando o

assunto são as marcas, prefiro pensá-las como um bom prato tradicional

português, feito com tempo, sabedoria, alma, tempero e com a pitada certa de

amor, capaz de nos cativar os sentidos e perdurar na nossa memória.


Diana Melo


Jurada na categoria de Digital


flor.png
bottom of page