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ESPAÇO DE

OPINIÃO

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Stop the game


E eis que, em Janeiro de 2021, do aborrecido e cinzento mundo das finanças nos surge uma história de literatura de cordel. Uma luta de David contra Golias. Ou, mais concretamente, a história de como um grupo de traders amadores criado no Reddit se une para derrotar (e levar praticamente à falência) uns malvados hedge funds de Wall Street.


A história captura a atenção dos media no mundo todo e do público em geral. As opiniões dividem-se entre quem se congratula com a vitória dos pequenos contra o poder instituído e aqueles que veem nela um sinal de instabilidade e de um possível caos na ordem instalada.

Mas talvez o mais relevante seja que, de uma forma crua, somos publicamente confrontados com uma manipulação de mercado. A diferença é que ela é feita por quem normalmente é a vítima das mesmas. Expõe a olho nu e perante os gritos de aqui-del-rei dos nobres cavaleiros do dólar alavancado todo o vício e manipulação que concedemos complacentemente às grandes instituições financeiras centralizadas.


Ao mesmo tempo que esta história acontece, no submundo da cripto, toda a comunidade se entusiasma com tais acontecimentos. Enquanto milhares de investidores amadores ficavam impedidos de negociar as ações da Game Stop em aplicações como a Robinhood, as aplicações descentralizadas criadas na blockchain aproveitavam para listar a mesma em plataformas como no caso do Injective Protocol. O poder da descentralização fica evidente para todos. E para quem se perguntava o porquê da existência da Bitcoin, de blockchain e de plataformas descentralizadas, aqui estava uma resposta muito objetiva.


O mesmo se passa a muitos níveis na discussão sobre privacidade e data. E documentários como o Social Dilemma trazem para a discussão pública o que antes só se discutia em grupos altamente informados e de conhecedores tecnológicos. A centralização significa abdicar de poder em nome de um usufruto aparentemente gratuito de uma plataforma que tem como objetivo garantir a nossa atenção.

É também no criptoworld que encontramos algumas das inovações mais interessantes e com poder disruptivo na indústria da revenda de dados pessoais e publicidade.

O Brave browser, por exemplo, que tem como missão garantir privacidade e descentralização em modo open source, é um dos casos mais interessantes. Através do token BAT (Basic Attention Token), os utilizadores são recompensados pela visualização de publicidade e podem também contribuir e pagar aos seus criadores de conteúdos preferidos, como youtubers. Os anunciantes também compram e pagam aos publishers em BAT.

A Hyprr é a primeira rede social que usa blockchain e tokens nativos para permitir que os utilizadores que permitam a partilha da sua data pessoal sejam recompensados por ela, e recompensa os influenciadores e criadores de conteúdos diretamente pelo engagement conseguido.

A Verasity (Protocol and Product Layer Platform for Esports and Video Entertainment) emitiu um pedido de patente para uma tecnologia blockchain com o nome de proof-of-view, que consiste num método de verificação de visualização de conteúdos por parte da comunidade. A maior parte das pessoas da área da publicidade está bem a par que muitas das visualizações que nos chegam nos reports são de bots. Um problema que é calculado que custe cerca de 7B de dólares por ano aos anunciantes que pagam por essas visualizações.


Outro dos termos que vamos começar a ouvir muito em publicidade é NFT (non-fungible token). Os NFT são ativos digitais que podem funcionar como colecionáveis, como por exemplo cartões de troca. Ao contrário de outras cryptocurrencies, não há 2 NFT iguais, o que quer dizer que não podem ser permutados por outros nem divididos em parcelas mais pequenas. As categorias mais populares de NFT são arte digital incluindo música e vídeos mas podem ser basicamente tudo o que for digital, como itens de gaming, e-books ou nomes de domínios.


Esta tecnologia tem um potencial massivo para todos os artistas digitais e criadores, porque permite criar um marketplace descentralizado sem intermediários a controlar como o produto é distribuído, sem receber comissões e sem ownership.

Mas quão longe estamos desta revolução digital? Bem, Logan Paul, um dos youtubers mais populares do mundo, vendeu cerca de 5 milhões de dólares de NFT´s em 48h, só este mês de Fevereiro. Portanto, preparem-se para uma chuva de termos como tokens, internet of value e Dapps nos nossos briefings num futuro breve.



Hugo Antonelo CEO, FunnyHow


Júri na Categoria de Briefing Aberto


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